Há um emaranhado de confusões e/ou distorções nos discursos
e concepções acerca da utilização das TICs como ferramentas colaborativas ao
processo de ensino/aprendizagem no espaço escolar. Se por um lado há os que
defendem a sua utilização – embora a grande maioria esteja presa ao viés
maquínico – por outro, existem aqueles que colocam (principalmente os dispositivos
móveis) como os grandes vilões que tem contribuído para os entraves aos quais o
sistema educacional brasileiro (principalmente nas escolas das redes públicas)
vem passando.
A grande verdade é que muito do que tem se falado e
discutido dentro dos espaços escolares sobre as TICs e sua utilização nas
praticas pedagógica tem estado tão somente na esfera da superfície; falta um
aprofundamento dos conhecimentos sobre o tema; um respaldo teórico para os
discursos inflamados proclamados nos encontros pedagógicos, sala dos
professores, etc.
Diante de tudo isso, não canso de me perguntar o que de
fato está por trás desse aparente “medo” que a grande maioria de nós
professores temos em fazer uso das TICs, tanto no seu constitutivo maquínico
quanto no que concerne as praticas criativas inerentes a sua própria episteme,
no âmbito das nossas práticas pedagógicas no processo de ensino/aprendizagem
(formal).
Creio que essa angustia e reflexão não é somente minha; mas
enquanto somos minoria, creio que temos como compromisso sócio intelectual o
aprofundar desses conhecimentos para assim contribuirmos com a promoção de
debates consistentes – do ponto de vista do campo teórico – e desprovidos das
superficialidades e dos achismos infundados.
Utilizar o maquínico como ferramenta de suporte aos métodos tradicionais não significa agir
tecnologicamente e muito menos traz nenhum acréscimo ao processo de
ensino/aprendizagem, uma vez que não possibilitou ao outro a inserção da sua
subjetividade no processo; da mesma forma que proibir ou limitar a utilização
dos dispositivos não resolve o problema.
Que estamos em meio a um período de transição isso é além de notório, inquestionável. E como toda transição provoca, gera, alimenta o desconforto, creio que esse é o momento oportuno para que nós professores por fim venhamos descer do pedestal do nosso autoritarismo e sapiência – delegado no período imperial – para assumirmos a postura de mediadores – pertinente a Era das comunicações digitais e globalizadas.
Que estamos em meio a um período de transição isso é além de notório, inquestionável. E como toda transição provoca, gera, alimenta o desconforto, creio que esse é o momento oportuno para que nós professores por fim venhamos descer do pedestal do nosso autoritarismo e sapiência – delegado no período imperial – para assumirmos a postura de mediadores – pertinente a Era das comunicações digitais e globalizadas.
Se tomando como referencial o manuseio das NTICs onde
nativos e migrantes digitais não só divide e convivem no mesmo espaço como
compartilham experiências, conhecimentos e aprendizagens, por que não fazer uso
dessa mesma dinâmica no campo pedagógico? Por que no espaço deliberado como “de
construção do conhecimento” esse processo tem que se dar de forma unilateral?
Não caberia aí uma troca? Uma aprendizagem mutua?
Quantos de nós já recorremos a ajudas dos nossos filhos,
sobrinhos, netos, etc. para manusearmos algum aparato tecnológico novo que
adquirimos? Ou aprendemos alguma gíria da nova geração? Ou mudamos de postura
diante de alguma situação por causa de alguma observação ou questionamento que
eles fizeram? Isso nos diminuiu – em qualquer esfera – diante deles? Deixamos
de ser quem de fato somos?
E por que não pode ser assim também em nosso universo
escolar com nossos alunos? Creio que esse é um momento oportuno para nós
professores nos aproximarmos do nosso alunado (nos despindo das nossas
armaduras de super-heróis), interagirmos de fato com eles, e juntos
compartilhamos as experiências da construção dos conhecimentos e, sobretudo,
dos sujeitos.
Então, enquanto não dominamos as tecnologias – por qualquer
que seja o motivo – que tal, ao invés de proibir o uso dessas ferramentas, nos
permitirmos aprender como nossos alunos e juntos agirmos tecnologicamente no
processo de ensino/aprendizagem?
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