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sexta-feira, 4 de abril de 2014

O desafio das TICs: como agir tecnologicamente.


              Há um emaranhado de confusões e/ou distorções nos discursos e concepções acerca da utilização das TICs como ferramentas colaborativas ao processo de ensino/aprendizagem no espaço escolar. Se por um lado há os que defendem a sua utilização – embora a grande maioria esteja presa ao viés maquínico – por outro, existem aqueles que colocam (principalmente os dispositivos móveis) como os grandes vilões que tem contribuído para os entraves aos quais o sistema educacional brasileiro (principalmente nas escolas das redes públicas) vem passando.
         A grande verdade é que muito do que tem se falado e discutido dentro dos espaços escolares sobre as TICs e sua utilização nas praticas pedagógica tem estado tão somente na esfera da superfície; falta um aprofundamento dos conhecimentos sobre o tema; um respaldo teórico para os discursos inflamados proclamados nos encontros pedagógicos, sala dos professores, etc.
       Diante de tudo isso, não canso de me perguntar o que de fato está por trás desse aparente “medo” que a grande maioria de nós professores temos em fazer uso das TICs, tanto no seu constitutivo maquínico quanto no que concerne as praticas criativas inerentes a sua própria episteme, no âmbito das nossas práticas pedagógicas no processo de ensino/aprendizagem (formal).
      Creio que essa angustia e reflexão não é somente minha; mas enquanto somos minoria, creio que temos como compromisso sócio intelectual o aprofundar desses conhecimentos para assim contribuirmos com a promoção de debates consistentes – do ponto de vista do campo teórico – e desprovidos das superficialidades e dos achismos infundados.
      Utilizar o maquínico como ferramenta de suporte aos métodos tradicionais não significa agir tecnologicamente e muito menos traz nenhum acréscimo ao processo de ensino/aprendizagem, uma vez que não possibilitou ao outro a inserção da sua subjetividade no processo; da mesma forma que proibir ou limitar a utilização dos dispositivos não resolve o problema.
     Que estamos em meio a um período de transição isso é além de notório, inquestionável. E como toda transição provoca, gera, alimenta o desconforto, creio que esse é o momento oportuno para que nós professores por fim venhamos descer do pedestal do nosso autoritarismo e sapiência – delegado no período imperial – para assumirmos a postura de mediadores – pertinente a Era das comunicações digitais e globalizadas.
Se tomando como referencial o manuseio das NTICs onde nativos e migrantes digitais não só divide e convivem no mesmo espaço como compartilham experiências, conhecimentos e aprendizagens, por que não fazer uso dessa mesma dinâmica no campo pedagógico? Por que no espaço deliberado como “de construção do conhecimento” esse processo tem que se dar de forma unilateral? Não caberia aí uma troca? Uma aprendizagem mutua?
       Quantos de nós já recorremos a ajudas dos nossos filhos, sobrinhos, netos, etc. para manusearmos algum aparato tecnológico novo que adquirimos? Ou aprendemos alguma gíria da nova geração? Ou mudamos de postura diante de alguma situação por causa de alguma observação ou questionamento que eles fizeram? Isso nos diminuiu – em qualquer esfera – diante deles? Deixamos de ser quem de fato somos?
       E por que não pode ser assim também em nosso universo escolar com nossos alunos? Creio que esse é um momento oportuno para nós professores nos aproximarmos do nosso alunado (nos despindo das nossas armaduras de super-heróis), interagirmos de fato com eles, e juntos compartilhamos as experiências da construção dos conhecimentos e, sobretudo, dos sujeitos.
      Então, enquanto não dominamos as tecnologias – por qualquer que seja o motivo – que tal, ao invés de proibir o uso dessas ferramentas, nos permitirmos aprender como nossos alunos e juntos agirmos tecnologicamente no processo de ensino/aprendizagem?


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